sábado, dezembro 09, 2006

Brilhemos!



Brilhemos. Cantemos. Rezemos. Compremos. É natal!

É natal, contam-me os cantos e entrecantos das ruas com as suas músicas festivas de coros infantis despreocupados. É natal, contam-me as montras vistosas à luz que reluz as bolas de
mil cores e tons. Vermelhas.

Mas... natal? Pinguins de uniforme bicolor tornam o preto da sua gravata por um tom vermelho... a cor do sangue e raiva que raia a felicidade deste época!

Sim, sim, sim... Viva o catolicismo! Todos a comprar prendas uns aos outros em honra de um menino que nasceu de uma mãe desvirginada por um qualquer deus! E... onde estão os
milhares de presentes comprados em honra de um menino que nasceu de uma mãe desvirginada, sozinha, agonizada entre os gritos de um parto que a rompeu numa viela suja, iluminada aos
brilhos reflectidos dos fluidos residuais? Vermelho como a cor do sangue que acabou de perder, da hemorragia da natividade da sua nova alma que morrerá sem direito a provar que
sequer tinha uma alma! Montemos o presente como qualquer refugiado, independentemente da sua religião, em sua honra, compraremos! Jesus já morreu há muito. Terá sido um bom homem,
mas o ódio que me semeou na especulação da sua imagem faz-me odiar a sua existência. Ele marcou o tempo, terá marcado, logicamente, os genocídios múltipos de guerras múltiplas por
valores de religião dúbia dado que se um deus existir, terá de ser uma criatura tão sádica e mórbida que se ejacule a cada tiro, a cada lagrima, a cada corpo frio deitado, inerte,
à face da tortura que re-brilha na pele do indivíduo, como qual bola de natal rebrilha, ao sorriso puro de quem oferece uma prenda por prazer independentemente da época.

Não dêm graças, sorriam por serem que são, mas não se esqueçam de chorar todos os dias. Fica-vos tão bem esse sal aquificado nos vossos rostos quando lacrimejam revolta justificada...

Ofereçam o vosso amor mas não poupem na ira, se balançarem o sangue serão capazes de erguer um grito de revolta à clausura transparente que vos fomenta a sede de capitalismo, a
sede de massificação, a sede eterna de se manterem inactivos à luz da vossa estúpida resignação enquanto esperam não ser afectados pela desgraça.

Se rezam por isso, se a vossa liberdade se incumbir de se resignar a sua existência, eu espero que vos seja cravejada a morte no peito pelo sentido de humanidade que vos falta.

Que haja natal!


Ultim-acto

2 comentários:

Anónimo disse...

Rejubilosas crianças amontoam-se perigosamente à volta de um pinheiro que nunca sentiu o sabor da terra nas suas raizes, que nunca deverá ser regado, pois simplesmente, disso não precisa, guardado, inclausurado um ano inteiro dentro de uma qualquer parte da casa, mas em parte nenhuma de nós. Bolas vermelhas, azuis, amarelas, e de cores mais afins, de cores brilhantes de lago ao luar, as caixas, dos mais diversos formatos e feitios, empilham-se percipitando-se chamando a atenção de quem os quiser abrir, de papeis alma de uma qualquer arvore, que decerto nunca pensou que algum dia iria ser cortada, rasgada, organizada em enormes rolos, cortada para servir um qualquer proposito, acabando de novo rasgada e deitada fora (o milagre da reciclagem).
Os sorrisos gulosos das crianças, valem muito, mas valerá toda esta exuberância.
A evolução do raciocinio mundial não é para um "natal é quando um homem quiser" mas mais para um "natal só há um, e toca a cometer gula o ano todo, para nos redimirmos nesses pequenos dias.
Sim, pois é mais fácil uns dias de exbanjamento com a tradicional desculpa "ah, sabes é natal" pois noura altura os olhares de lado são impossiveis de serem ignoradose ai, caras cobertas de escárnio, dizem-nos "deves ter muito dinheiro para gastares nessas insignificáncias!".
A insignificáncia, tão de leve capacidade de juizo mental, pode fazer com que, noutro pais (ou mesmo no nosso), algue possa receber a melhor prenda de natal: o sorriso de uma criança ao abrir uma PRENDA. Pois isso ninguem substitui e nenhuma "insignificáncia" pode comprar.
Espero que isto do blog seja para continuar....
E recebam boas prendas

Anónimo disse...

tou sem palavras, mesmo.
é preciso pessoas como tu, pessoas que nos abram os olhos para a realidade, realidade que por vezes pode ser dura mas que é necessário que se saiba. adorei o teu blog, podes ter a certeza que venho cá mais vezes.